Depois do céu, descemos à terra. Duas ilhas verdes erguem-se neste mar imenso. Estamos no grupo ocidental do arquipélago dos Açores. A origem vulcânica destas ilhas é visível a olho nu, avaliando pelas rochas basálticas das suas praias e pelo verde-esmeralda das encostas. Minutos depois estamos em Santa Cruz das Flores. O ambiente do aeroporto reparte-se entre abraços e cumprimentos entre as pessoas locais e os continentais, portugueses e outros mais louros de mochila às costas.

O nosso destino é a Aldeia da Cuada, entre a Fajãzinha e a Fajã Grande. Há duas maneiras de lá chegar. Ou cortamos pela Ribeira da Cruz e vamos pelo meio da ilha, ou junto à costa. Optamos pela segunda alternativa. Dois minutos depois é evidente o nome da ilha. Flores. Por todo o lado. As hortênsias despontam dos muros de pedra, da ladeira da estrada, descem pelas encostas, explodem de cor nos pastos verdes. E vacas. Muitas. Se alguma vez tiver de descrever o contrário de stress, acho que vou pensar na vida destas vacas.
Continuamos. Demoramos o nosso tempo. Para quem acaba de chegar, estes minutos não têm preço. Atravessamos o vale da Ribeira Seca, amplo e majestoso, nas suas paletas de verde. A paisagem muda novamente. Mais montanhosa e junto ao mar, chegamos a uma das maravilhosas geológicas das Flores, a Rocha dos Bordões. São enormes prismas que cintam a montanha a meia altura, parecidos com barbas de uma baleia de rocha basáltica e rodeada de flores que mais parecem espuma do mar. A paisagem espuma do mar. A paisagem adensa-se para o interior montanhoso. Inúmeras cascatas despontam das montanhas verdes.